Pilotos protagonizaram pegas espetaculares no Velo Città. Daniel Serra segue líder
Thiago Camilo e Ricardo Zonta foram os grandes nomes da segunda etapa do Campeonato Brasileiro de Stock Car, disputada neste domingo (5) no belo autódromo Velo Città, localizado em Mogi Guaçu, a 180 km de São Paulo. Camilo fez valer a força da pole position para abrir a rodada dupla com vitória, enquanto Zonta concentrou seus esforços na prova complementar, sendo recompensado com uma vitória cheia de autoridade.
Com o resultado das duas provas, Daniel Serra, que venceu a primeira prova da temporada, no Rio Grande do Sul, manteve a liderança do campeonato, com 61 pontos. Rubens Barrichello agora soma 59 pontos na segunda colocação, seguido por Ricardo Maurício (55), com Thiago Camilo e Felipe Fraga empatados com 49 pontos.
O evento também viu a realização da “Stock Car Legends”, prova de exibição que contou com alguns dos maiores nomes da categoria, vários deles da temporada 1979 – ano de fundação da Stock Car. O grid estrelado da “Legends” reuniu ídolos como Ingo Hoffmann, Chico Serra, Fabio Sotto Maior, Zeca Giaffone, Adalberto Jardim, e Paulo Gomes, a pilotos que fizeram a alegria dos fãs nos primórdios da Stock, como Reinaldo Campelo, Leonardo Almeida e Arthur Bragantini.
A primeira corrida viu Camilo liderar tranquilamente após a largada, perseguido de perto por Serra. Os dois permaneceram colados até a janela de pit stops obrigatórios, quando Nelsinho Piquet se colocou entre os líderes. Para se aproveitar da situação, Serrinha pisou fundo na tentativa de encostar no rival, restando quatro minutos para o fim. Foi aí que o duelo passou a pegar fogo: enquanto Camilo abria um pouco no primeiro setor, Serrinha se aproximava nos trechos seguintes seguintes da pista.
Restando um minuto e meio para a bandeirada, Serrinha acionou o Fan Push que conquistou na votação pública via internet e arriscou a ultrapassagem por fora. Foi um dos momentos mais tensos da prova, com os dois entrando nas curvas praticamente emparelhados. Mas Camilo conseguiu segurar a posição e neutralizar o “push” do rival. Na sequência, Camilo também acionou o botão de ultrapassagem e conseguiu segurar a primeira posição, mesmo se deparando com diversos retardatários que apareceram nas últimas curvas.
No fim, os líderes cruzaram a linha de chegada separados por apenas 0s267. Nesse verdadeiro sufoco, Camilo encerrou um jejum sem vitórias que durava desde a prova de Londrina, em 2017.
Segunda prova – Para a corrida complementar, o grid foi invertido como determina o regulamento. Assim, Julio Campos, o décimo colocado na Corrida 1, ficou com a pole da prova complementar, seguido de Diego Nunes, Rubens Barrichello e Ricardo Zonta. Camilo largou em décimo, enquanto Serrinha partiu do nono lugar.
Na largada, um acidente envolveu Gaetano di Mauro, Lucas Foresti e Rafael Suzuki, que vencera pela primeira vez o Fan Push. Lá na frente, Diego Nunes atacou Campos com sucesso e assumiu liderança. Já Nelsinho Piquet rodou já neste início de prova, após receber um toque, e caiu para o fundo do pelotão. Para desviar da confusão e arriscar maiores danos no carro, Daniel Serra acabou perdendo várias posições e caiu de nono para 17º, o que obrigou o então líder do campeonato a iniciar uma corrida de recuperação.
Com Barrichello acompanhando de camarote, Nunes e Campos iniciaram uma dura batalha que durou até a janela obrigatória de pit stops. Julio Campos usou o fan push para retomar a ponta de Nunes na volta número 4. Ao mesmo tempo, Zonta tomava superava Rubinho e passava para o terceiro lugar. A corrida prosseguia com os pilotos preocupados com o desgaste dos pneus na pista cuja abrasividade era dramaticamente agravada pelo sol forte e o consequente calor, acima dos 30 graus centígrados. Mesmo com a cautela tentar chegar com os pneus inteiros no final da prova, a diferença entre os líderes nas voltas seguintes não passava de meio segundo, com menos de cinco segundos separando os seis primeiros.
Enquanto a janela de paradas se aproximava, Campos conseguia abrir uma pequena vantagem de 1s2 para Diego Nunes, enquanto Marcos Gomes abandonava com problemas. Quando a janela de pit stops foi aberta, Campos e Barrichello seguiram na pista, apesar de a maioria dos rivais ter optado por parar imediatamente. Vencedor da corrida 1, Thiago Camilo tomou um toque lateral de Max Wilson e abandonou com problemas decorrentes da colisão, deixando escapar a chance de tirar pontos preciosos da vantagem aberta por Serra na tabela.
Uma volta após a abertura da janela, Campos foi aos boxes e Barrichello seguiu para tentar “dar o pulo do gato”. Enquanto isso, Campos perdia a posição para Zonta na saída do pit stop. Rubinho deu ainda mais duas voltas antes de parar, abrindo 16 segundos em relação a Zonta. Mas o pit stop de Barrichello levou muito tempo e, com isso, Zonta e Campos passaram à frente. Diego Nunes, o primeiro a parar, viu seu segundo lugar se transformar em oitavo ao fim da janela.
Restando dez minutos para o fim da corrida complementar, Zonta ampliava para sete segundos sua vantagem, com Rubens Barrichello passando Julio Campos pelo segundo lugar. Mais atrás, Nelsinho Piquet abandonava após praticamente atropelar o carro de Vitor Baptista, que andava em 12º lugar e rumava para seus primeiros pontos na corrida de estreia.
Nos minutos finais, Barrichello iniciou o ataque contra Zonta, tirando cerca de oito décimos por volta. Restando cinco minutos e 5s8 segundos, o piloto da Full Time passou a correr não só contra Zonta, mas também contra o relógio. Mais atrás, Campos segurava Casagrande, Nunes, Allam Khodair, Ricardo Maurico, Guga Lima, Cézar Ramos e Felipe Fraga no braço - formando um longo (e disputadíssimo) trem. O grupo foi a sensação da pista nas últimas voltas, tamanha a quantidade de toques e disputas.
Na briga pela ponta, Zonta conseguiu manter a vantagem para Barrichello. Com cautela e um carro equilibrado, o paranaense levou o carro até o final para vencer pela primeira vez neste ano e manter a tradição de sua equipe de ganhar uma corrida em todas as etapas já disputadas na pista do interior paulista. Cacá Bueno completou o pódio em terceiro, com Campos, Nunes e Ramos se enroscando na primeira curva, deixando o caminho livre para Casagrande ser quarto colocado.
Mesmo chegando em 16º na segunda corrida, Daniel Serra manteve a liderança com 61 pontos, contra 59 de Barrichello e 55 de Ricardo Maurício. O próximo encontro da Stock Car está marcado para o dia 19 de maio, em Goiânia.
Confira o que disseram os pilotos:
Thiago Camilo, vencedor da corrida 1: "Essa foi talvez a vitória mais emocionante da minha carreira. Graças a Deus conseguimos provar na pista que temos potencial para brigar pelo título. E que o Andreas (Mattheis) e a Ipiranga Racing formam uma grande equipe que está entre as melhores.
Como tenho falado em todas as entrevistas, sem querer ser repetitivo, só eu sei o que passei no ano passado pelas dificuldades que enfrentamos. O atleta vive do resultado e não tem como mascarar isso. Independentemente do que você tenha feito no passado, se deixa de figurar entre os primeiros em uma temporada e começa a andar atrás, você deixa de ser o que já foi e aí passa a ser apenas mais um na pista. E precisa ser forte para recuperar a vontade pessoal e voltar a confiar no próprio talento."
Daniel Serra, segundo colocado na corrida 1: "Foi por pouco. Houve pequenas falhas minhas durante a corrida, mas foi uma corrida muito boa. O meu freio deu uma abaixadinha antes do pit stop e ele (Thiago Camilo) conseguiu abrir uma boa vantagem naquele momento. Quando eu voltei, estávamos muito próximos e eu acho que ali foi a primeira chance que eu tive de tentar passar, mas não deu. Depois, quando eu cheguei nele de novo, eu tinha apenas mais um push para usar, mas não foi o suficiente. Aí chegamos lado a lado na curva 1."
Ricardo Zonta, vencedor da corrida 2: "Neste ano, a pontuação da segunda corrida é mais importante ainda do que era no ano passado e a gente teve um pit stop perfeito, que nos devolveu para a pista seis segundos na frente do segundo colocado. O carro se comportou muito bem, apesar de a bomba de combustível estar falhando por causa do calor. Mas o carro estava em ordem e deu para ganhar essa prova. Vamos lutar pelo campeonato este ano”.
Rubens Barrichello, segundo colocado na corrida 2: "Hoje o dia estava muito quente e eu estava sem água para me hidratar. Nessa segunda corrida, a bomba da minha água não funcionou e isso tornou a prova desgastante. Eu sinto muito pelo problema que a gente teve no box, mas foi uma ótima corrida. Eu e a equipe, a gente ganha e perde juntos. Fizemos uma estratégia foi muito boa. Eu só tenho a agradecer por mais este pódio, que aparentemente nos deu bons pontos, o que me deixa tranquilo e feliz."
Fonte: www.stockcar.com.br
Jornalistas responsáveisl: Rodolpho Siqueira / Bruno Vicaria
Imagem: Duda Bairros