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Binho Carcasci, o novo presidente da CNK.
KARTISMO
Publicado em 20/01/2021

O Portal Kart Motor conversou na manhã desta quarta-feira (20) com Binho Carcasci, o novo presidente da Comissão Nacional de Kart (CNK), sobre diversos assuntos que envolvem o nosso kartismo.

 

Quem é Binho Carcasci, o novo presidente da CNK?

Sou um cara que gosta de kart, mas, acima de gostar de kart, eu gosto de trabalhar em eventos, isso é o que me dá mais prazer, isso é o que me move. Por isso fui tão feliz em realizar a Seletiva de Kart Petrobras por 20 anos.

 

A CNK será realmente uma comissão como diz o nome?

Vai ser uma comissão, aliás, já é uma comissão! Eu posso te adiantar, ninguém sabe ainda, mas ela já está sendo formada. Já fazem parte dessa comissão o Ricardo Molina, o Rodrigo Piquet e o Nil (Nilton Amaral, da equipe New Racing) e possivelmente ela vai aumentar um pouquinho ainda, com mais uma ou duas pessoas. Eu, de fato, quero ter uma comissão para poder discutir e melhorar o kartismo. A ideia é que tenhamos uma pessoa com grande conhecimento técnico, representante dos pilotos, representante das equipes, como é o caso até aqui. A ideia é usarmos a experiência de cada um dos integrantes da comissão para um kartismo ainda melhor.

 

Qual deve ser teu principal desafio como presidente da CNK?

O maior desafio talvez seja fazer um kart para o Brasil inteiro, e isso é bem difícil. São públicos e culturas diferentes em um país tão grande, mas que, no fim das contas, quando tivermos um Brasileiro, possamos juntar todos.

 

Quais medidas tu pretende tomar para melhorar o kartismo no Brasil?

Eu tenho uma tendência a pensar que o marketing ajuda muito, é mais a minha especialidade. Então, trabalhar o marketing da categoria, eu acho que pode ajudar. Porque, no fim, o que queremos é que tenhamos mais adeptos na modalidade. Queremos mais gente andando de kart e eu acho que o marketing pode ajudar muito. Mas o piloto tem que ter também um regulamento técnico que seja atraente. Precisa das duas coisas juntas. Então, quando ele for atraído pelo marketing, terá que encontrar um bom pacote técnico que o permita participar.

 

Como a CBA/CNK pensa em trabalhar para aumentar a visibilidade do kartismo na mídia e em geral?

A CBA tem um departamento de planejamento e marketing, eu conheci a pessoa responsável por essa área apenas na última segunda-feira. É tudo muito novo, então eu ainda preciso entender isso tudo, mas o marketing é uma área muito importante, que eu quero usar muito. Nos próximos meses teremos um plano legal para divulgar.

 

Atualmente temos muitas categorias no Brasil e no último Brasileiro, até mesmo por conta do Mundial, tivemos 22. Normalmente são 18. Não é um número excessivo?

É muita categoria, concordo. Me incomoda um pouco essa quantidade de categorias, especialmente aquelas que fazem os pilotos se repetirem. Se um piloto tem a oportunidade de correr em quatro, cinco categorias, na minha opinião algo não está indo bem. Quero discutir com todos para saber porque temos tantas categorias. Uma das respostas é algo que falei no início, temos culturas diferentes, uma categoria praticada no Nordeste pode não ser praticada no Sul. E se não colocamos as duas categorias no Brasileiro, acabamos eliminando alguma. Temos que dar chance pra todo mundo, mas abrir a possibilidade de que um mesmo piloto dispute três, quatro categorias ou mais não é legal. Temos que ver quais e como e pensar em diminuir este número de categorias.

 

As categorias Codasur e OK com motores sorteados continuam?

O Giovanni Guerra, quando me convidou para assumir a CNK, me deu carta branca, mas me disse que gostaria de seguir a linha da FIA, já que ele é muito alinhado com o Felipe Massa, presidente da CIK e é o nosso delegado lá. Vamos ver o que é possível e ver o que cabe em termos FIA no Brasil e no bolso dos pilotos. Essa é a linha. Mas o que continua e o que acaba ainda vamos precisar de uma ou duas semanas para decidir.

 

Existe a ideia de uma junção das categorias Júnior Menor e Júnior e Sênior A e Sênior B?

Ainda não levantamos esse assunto, acabei de assumir, mas é uma boa discussão. A Sênior A e B eu gostaria de ouvir os pilotos um pouco para saber a opinião deles sobre isso. Júnior Menor e Júnior eu gosto de juntar, mas especialmente os pais preferem separados. Eu entendo que quando um menino inexperiente, da Júnior Menor, encontra um mais experiente, da Júnior, no mesmo lugar, na mesma corrida, a tendência é de uma evolução maior e mais rápida. Na Europa é assim desde sempre. Aqui no Brasil em algum momento separaram e isso acabou agradando aos pais. Eles têm a visão de que a possibilidade de ter uma boa colocação, um troféu, uma foto no pódio sirvam de estímulo e motivação para o garoto. Então, temos que analisar os dois pontos de vista, discutir com eles também um pouquinho. Mas vale muito a discussão.

 

Na contramão desta pergunta, existem vários pedidos para que a CBA homologue a F4 Júnior em seus campeonatos nacionais. O que tu pensa disso?

Gosto da ideia. Acho que tem que ter um caminho para os meninos da Cadete, que correm com motores 4 tempos. Eles saem da categoria e não têm uma opção para continuar com esse motor, só poderão encontrá-lo novamente na F4 Graduados. Vamos ver a melhor maneira de implantar isso.

 

Após a experiência do último Brasileiro e o recente anúncio para 2021, quais as chances desta competição passar a acontecer definitivamente em dezembro daqui pra frente? E o próximo Brasileiro está confirmado no RBC?

O próximo Brasileiro ainda não está confirmado para o RBC, a discussão sobre a sede está acontecendo, mas ainda não posso adiantar nada. As chances de continuar em dezembro existem. A pandemia nos forçou a mudar o calendário outra vez, então jogamos a Copa Brasil para julho e o Brasileiro para dezembro. Eu gosto do Brasileiro em dezembro, porque ele é no final da temporada. Um piloto que saiu da Júnior Menor para a Júnior, por exemplo, tem o ano inteiro pra andar na nova categoria e disputar o título brasileiro no final do ano, quando já está totalmente adaptado. Temos a chance de fazer uma nova experiência em um ano em que não temos outra saída a não ser essa e fazermos a Copa em julho e o Brasileiro em dezembro. Se der certo, podemos seguir na mesma linha nos próximos anos.

 

Por que não cancelar a Copa Brasil 2020 e realizar a de 2021 em setembro ou na data de sempre, em outubro, como Open do Mundial?

Na verdade, a Copa Brasil 2020 já está cancelada e a de 2021 será esta, que será disputada em Londrina em julho. O Open do Mundial deve existir, mas isso está sendo discutido com a CIK/FIA e é possível que seja apenas com as categorias do Mundial.

 

Os kartistas pedem muito uma diminuição de custos de inscrição e combustível nos eventos nacionais. Quais seriam as ideias pra isso?

Preciso entender os custos do evento, porque eles são cobertos com duas fontes de receita: inscrições e patrocinadores. Eu ainda não tive acesso às planilhas de custo e por isso não posso explicar ainda porque os valores são estes. Então eu não posso me aprofundar neste assunto agora. A receita da venda do combustível também ajuda a cobrir os custos. Não quero justificar nenhum valor, nem alto nem baixo, mas temos que entender que não há como comprar o combustível no posto por 4 reais e vender pelo mesmo valor. Tem alguns custos extras que acabam incrementando o valor, como o óleo dois tempos, o frete para entrega do combustível, pessoas que vão manusear e entregar. Eu não sei se passa pra 4,5 ou 5 reais ou 20, mas entendo que 20 seja um valor alto demais.

 

As categorias F4 têm mostrado muita força e apresentado grids cheios nos eventos nacionais e também estaduais. Existem planos de fortalecer/prestigiar estas categorias?

Elas são a base do nosso kart hoje, não dá pra negar. O kartismo é a categoria-escola e a ideia de um kartista sair daqui para a Fórmula 1 permanece. Mas a F4 tem um peso enorme no kartismo, é a quem tem o maior número de pilotos nos regionais e estaduais e se destaca muito nos nacionais. Estão movimentando o mercado, porque são grandes consumidores de tudo que envolve o kart e temos que dar grande atenção para isso sem esquecer os 2 tempos.

 

As marcas de chassi importadas atualmente podem competir apenas em determinadas categorias, não todas. Haverá a liberação para todas as categorias?

Existe uma discussão pra isso, a comissão deve se reunir na semana que vem e esse é um dos assuntos da pauta. Em princípio o que estou tentando fazer é honrar o que foi acordado, porque as vezes você não acerta com uma empresa só, acerta com cinco ou seis, como nesse caso. Então esse é um assunto que tem que ser bem analisado.

 

E nas F4, o que tu pensa a respeito de liberar os chassis importados?

Elas vão entrar nessa discussão, com certeza. O assunto entra na pauta, vamos analisar, mas não acho que seja algo para 2021.

 

Haverá espaço na CNK para uma comissão de pilotos e suas opiniões?

Eu sempre conversei com todo mundo, gosto de ouvir a opinião de todos e discutir. Nossa comissão, como eu disse, está sendo montada e acho que o Rodrigo Piquet pode fazer isso muito bem, já que ele é integrante também da Comissão de Pilotos e Pais. Se for o caso, podemos ter esta comissão conosco, mas tenho certeza de que ela está muito bem representada pelo Rodrigo. Aliás, foi pensando nisso também que eu fiz o convite a ele.

 

Algumas conversas falam em uma melhor divisão por idade nas categorias F4, uma vez que em 2020 a Sênior estava forte e a Graduados fraca. E o mesmo se pode perguntar da Sênior, que atualmente começa com 28 anos. Isso faz com que alguns pilotos com mais de 25 anos andem de Novatos ou Graduados por não poderem andar na Sênior. Como tu encara isso?

Obrigado por você estar me trazendo uma coisa nova, que eu realmente ainda não conhecia. Fizemos uma alteração semelhante na Rotax Master buscando algo assim. Se vamos deixar as categorias mais equilibradas neste sentido, vale a discussão.

 

Como serão conhecidos os pilotos classificados para o Sul-Americano, já que essa lista sairia da Copa Brasil, que acaba de ser adiada?

O Sul-Americano está sendo rediscutido pelo Giovanni com a Codasur (a confederação sul-americana). Então ainda temos que esperar terminar essa conversa para ver como fica. O presidente quer seguir a linha FIA e o Sul-Americano não segue essa linha.

 

A CNK pensa em algo mais efetivo para a formação de novos pilotos em cada Estado? Como estão as escolinhas de pilotagem?

Esse é um assunto que eu já quis ir atrás, mas ainda não consegui muitas informações. Algumas escolinhas deixaram de existir, os karts estão parados, são da CBA. Temos que dar atenção pra isso, é uma grande porta de entrada para a garotada. Na Granja Viana eu sei que a escolinha está ativa e tem trazido resultados, os meninos saem da escolinha – não sei em que quantidade – e estão ingressando nos campeonatos de lá. Depois acabarão naturalmente indo para os nacionais. Escolinha é fundamental, temos que dar atenção para isso.

 

 

Fonte: Portal Kart Motor | Erno Drehmer

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